26 de set. de 2012

Sobre Movie-mento



Uma releitura do cinema em dança tribal.
Realizado por minhas colegas Bruna Gomes e Zahira Razi (Grupo Masala) e bailarinas convidadas, é com certeza um espetáculo cheio de atitude. Com influências teatrais e picardia, o show Movie-mento traz para o palco suas versões dançadas de diversos filmes facilmente reconhecidos, como Piratas do Caribe, Psicose, Avatar e o desenho Rio.
O interessante é que apesar de bastante teatralizado em algumas das leituras, Movie-mento ultrapassa uma etapa importante dos shows de dança oriental tradicionais, muitas vezes compreendidos como uma tentativa temática de teatro infantil. Vai além pela ousadia de rotular para maiores de 16 em nome da liberdade de expressão, envolvendo o público numa atmosfera misteriosa e sensual sem vulgaridade, uma surpresa interessante e impactante. Vai além pela aquisição de recursos cênicos que complementam perfeitamente a idéia concebida.
Mais denso do que o Especiarias, Movie-mento já vale só pela abordagem de algumas interpretações, como em "Carmem", onde Zahira Razi eleva a emoção da platéia através da batida contagiante do Flamenco-árabe e Bruna Gomes quebrando todas as regras, como de praxe, em "De olhos bem fechados". Várias outras interpretações trazem ótimas bailarinas em ascensão contínua e aprendizes que se rendem às loucuras e contemporaneidades que o grupo Masala traz para esta dança, reveladas nas aulas mensais do curso extensivo de Dança Tribal, que este ano fecha sua segunda edição.
Este show já foi apresentado também em Caxias do Sul e reapresenta em Porto Alegre dia 21 de outubro. Não percam mais esta oportunidade.

24 de set. de 2012

For you, babies

Estou dando uma passadinha de leve, pra deixar registrado que há um trabalho sendo feito, bem na manha, sorrateiro, caprichado. Está pronto. A princípio, dedicado às meninas que gostariam de dar aulas ou ainda, que já estão nessa atividade mas estão enfrentando algumas dificuldades, dificuldades estas que aparecem naturalmente ao lidar com pessoas, com comunicação, expressão e educação. Dificuldades que surgem às vezes por termos apenas uma única fonte de conhecimento, que pode "unilateralizar" a maneira de pensar na dança, em vez de agregar novas possibilidades e conceitos.
 Isso acaba interferindo na didática e na criatividade, tanto da aluna quanto da facilitadora. A pergunta que se deve fazer: "Esta é a única alternativa?" "Como posso ultrapassar as expectativas?"

Não é um curso profissionalizante, nem de especialização. Não vou formar ninguém como bailarina ou como professora. Mas é um conteúdo de alta responsabilidade: é ensinar a ensinar direito.
Posso estar sendo pretensiosa e audaciosa? Talvez. Mas desde o primeiro momento em que vi a dança e pus os pés na sala de aula, eu acreditei: eu tenho essa missão.

É como se eu pudesse resumir uma biografia ou um trabalho de conclusão de tudo aquilo que pude experienciar através da dança e do convívio diário com ela, com as pessoas que aprendem, as que ensinam, as que contratam, as que apenas dançam.
Este trabalho fala de tudo que se precisa saber de forma direta, organizada e esclarecedora, enfatizando alguns pontos que merecem atenção especial, como a forma de compreender o movimento, o corpo, a assimilação do movimento da pessoa que vai receber a informação. Basicamente, é preciso compreender as pessoas no mistério do seu universo interior, seus objetivos, seus sentimentos, sua corporalidade.
Posso dizer que é um trabalho bonito, sim. Apesar de nunca ter tido oportunidade de buscar o conhecimento na fonte, o que posso oferecer neste propósito é singular e valioso.

Ensinar é sempre a melhor parte e a mais importante.