25 de nov. de 2012

Silêncio e impacto: ferramentas básicas

Normalmente eu reservo este tipo de assunto mais específico ao conteúdo das aulas, mas como ele não é tão facilmente metabolizado, vale a pena uma reflexão prévia que contribuirá efetivamente para a melhor compreensão do seu uso, que é na minha opinião, um requisito fundamental para uma boa dança: a atitude, que se revela na excelente utilização do silêncio do movimento e da aceleração/desaceleração do mesmo.
O excesso contínuo de força, impacto ou suavidade sem variação freqüente são responsáveis por aquela sensação de estar faltando um tempero, isso quando não fica maçante.
É erradíssimo pensar que, ao desenvolver o aspecto da força ou da velocidade continuamente em escala progressiva, isso se torna proporcional à qualidade da dança. Uma dança excessivamente firme sem tranquilidade e sinuosidade suficientes, massiva em impacto, desanima tanto quanto a mais delicada.
A melhor forma de exercer o equilíbrio neste caso é usar o bom senso e pedir a opinião das pessoas. Se você não puder fazer uma análise da sua dança em uma aula presencial, tente recomendações de vídeos que tragam estes elementos importantes para que possa vê-los na íntegra. São muitos exemplos em vários estilos de dança.
Se você algum dia já notou que, ao sair do palco a resposta do público não foi a esperada, tenha duas formas de compreeder a situação: ou você teve um público muito desanimado meeesmo ou...provavelmente, você não captou atenção. Fez tudo direitinho? Pois é, fia, talvez o problema seja este...


A leitura musical é impecável, tudo no ritmo, postura correta, coreografia pronta. Mas será que tem realmente, algum momento especial entre esses passos pra surpreender o pessoal? Será que você não está escondendo o jogo demais com medo de ousar? Nunca deu vontade de parar tudo e gritar pra acordarem e começar a bater palma?
Ou você está muito agressiva, ou rápida ou desconcertada e sua dança virou um soco, ou a movimentação está muito caída, lenta, superficial, fraca.

                                                               Olha a impressão que dá.


E olha como o povo fica.


Então cara amiga. Pegue toda essa vontade e mate a pau logo. Faça alguma coisa que os deixe curiosos ou abismados. Claro que não precisa baixar as calças. Apenas crie momentos mais interessantes, que prendam a atenção e façam querer ver sua dança até o final, com motivação. As pessoas querem lhe conhecer, mas você precisa ter a iniciativa pra isso, pois é a artista que se propõe a entreter.
A criação destes momentos tem dois elementos essenciais que chamo de silêncio de movimento (paralisação) e sua retomada através de um movimento intenso-lento, ou intenso-impactante ou acelerado.

                                      É como uma gota lá do alto, sobre a água parada. De repente...

                 
                                        E alguém na multidão abre os olhos e pensa: "Opa!?...."

Nem tudo na música precisa ser seguido à risca ou ainda, você pode escolher momentos em que o ritmo pode ser desdobrado. Além de poder seguir só aquele instrumento ou batida menos sobressalente. Infelizmente uma melhor compreensão disso tudo precisa ser presencial, é necessário estudar seqüências bem especificas para obter claros exemplos desta utilização. Mesmo assim espero que valha a dica para utilizar melhor esta ferramenta. Você poderá inclusive usá-la em algo já construído, acrescentando na sua matemática coreográfica alguns momentos de destaque, sem mudar nada. E não necessariamente em tribal (o tribal utiliza essa técnica com maestria, pois tem intrínseca em seu conceito, assim como a limpeza do movimento). Na dança do ventre normal ela é ainda mais necessária e precisa ser uma idéia mais amadurecida através do estudo dos ritmos na música árabe clássica, em especial no wahda tawil. No shaabi, esses momentos são ainda mais essenciais, pois é o que vai dar gosto de ver, o que vai caracterizar toda a malícia, a alegria  e o charme do estilo.
Queridas, queria dar mais umas pinceladas, mas voltarei com mais conteúdos bacanas, me aguardem. E por favor, entrem em contato se precisarem de algum toque. Beijão!!!



2 comentários:

Cacá disse...

Parabéns Dai! Ótimo texto! Beijos!

Lory Moreira disse...

Amei esse texto, chuchu.
Isso é uma coisa que eu preciso desenvolver melhor.
Tenho a tendência a linearidade quando danço. Não entendo pq, pois na vida real, sou um ser mais explosivo. Vai que é uma forma que achei de me equilibrar, né? Rs!