28 de mai. de 2010

Só para mocinhas

Tá bom. Sei que uma boa parte das pessoas que estão lendo este texto agora, não são de fato, mocinhas. Então, do alto dos seus intas ou entas, saiba que na verdade é a você mesmo a quem me dirijo agora.  Por que meu aniversário está chegando? Pode ser. Mas me dá uma vontade doida de falar muitas coisas nessa época, que me sinto a hibernar em mim, refletindo sobre a relação maravilhosa que existe entre a mulher e o tempo.
Sei que às vezes o corpo amadurece e vai sentindo uma gravidade relevante nas partes, aquele rosto ao acordar já não é mais o mesmo, as pílulas vão se tornando amigas cada vez mais íntimas, assim como as marcas de expressão (um bonito nome que deram pra ruga, né?). Pois estes dias o mari percebeu que estavam se formando linhas ao redor dos olhos acima das bochechas ainda rosadas, disse-me de forma sutil, como a me preparar para uma longa jornada onde a expressão se torna cada vez mais intrínseca, literalmente.
Achei uma observação muito interessante, pois ainda não havia me dado conta (e realmente é preciso enxergar bem para perceber ainda), mas de certa forma, em vez de começar a procurar apavorada pelos cabelos brancos também, resolvi contemplar minhas novas marcas da vida. A princípio pensei: bah, estava na hora, não dá pra ficar com essa cara de mocinha pro resto da vida. Me senti bem, uma sensação melhor ou mais interessante/reflexiva do que a menarca. Afinal, é uma nova fase, muito importante para reconhecer-se e encontrar-se no mundo ainda mais. E se nosso rosto abriga linhas, que sejam pelo excesso de sorrisos!
Tenho a nítida impressão que estou curtindo muito tudo isso, pelo menos por enquanto...
 Outra coisa que tenho pensado é que esse lance de envelhecer é estritamente corporal e o tempo passa mais rápido pra quem se preocupa demais. Todas as mulheres, principalmente quando mães, se vêem mais distantes da leveza da vida e da feminilidade, após um período de dedicação constante à casa, à família ou ao trabalho excessivamente. No fundo nós somos as mesmas meninas e ainda queremos sentir que a vida nem sempre é um fardo pesado e de fato, acho que as rugas e o tempo não são o que nos tiram isso.
Às vezes os nossos filhos podem ter uma idéia totalmente equivocada do que somos de verdade, em função do que passamos a eles. Como diz o mestre Russo: "você diz que seus pais são lhe entendem, mas você não entende seus pais: você julga seus pais por tudo, isso é absurdo! são crianças como você: é o que você vai ser quando você crescer..."
Fico encantada de ver meu marido comprando brinquedos para meus filhos: eu vejo o brilho dos olhos de um menino como se o tempo não tivesse feito a mínima diferença!


Outra coisa que tenho notado com minha idade é o quanto me aproximo de minha mãe a cada dia que passa, mesmo longe dela o dia todo eu penso o quanto está ficando bonita nossa relação: sempre divergimos em muitos aspectos, mas quando comecei a perceber o mundo dela mais perto do meu, nosso relação melhorou muito. Antes eu não conseguia lhe dizer nada de "sentimentalidades", como eu supunha ser os momentos mais carinhosos, não perdoava seus erros ou suas omissões...Fiquei surpresa comigo quando me deparei dizendo espontaneamente e fora de datas comemorativas um "eu te amo, mamãe"...quando de repente ela se cobriu de lágrimas e eu entendi que por muito tempo ela esperou que esse dia chegasse. E agradeço por ter tido tempo suficiente de manifestar isso...

Como não poderia deixar passar a bailarina, na dança, a maturidade não é mal vista. No oriente a mulher mais madura, quando dança, é respeitada e sua dança é recebida com reverência. Vejo a bailarina que amadurece com a dança desde cedo como uma felizarda. Veja Lulu, Carlla, Soraia, Shalimar...São orgulhos para nós, é já não são mais mocinhas. Mas o interessante é que quando dançam, conseguem trazer á tona a menina, que gosta de brincar com as amigas no fim de tarde e tomar sorvete no fim de semana. Sim, era assim antigamente, não tinha delivery, rsrsrs...e quando decidem seduzir, tem maturidade suficiente para conduzir o momento, a expressão... As meninas que me perdoem, mas é preciso se conhecer muito bem pra chegar no ponto certo. O frescor da adolescência vai para o barril de carvalho e se transforma no vinho mais precioso e apreciado...aguardem garotas, o tempo não pára!

4 comentários:

Anônimo disse...

Lindo post, flor.

Carine Würch disse...

Maravilhosa reflexão.

Vivenciada por muitas, que a cada dia, apercebem-se mais das tais 'marcas de expressão", rs.

Bj

Anônimo disse...

Que linda reflexão... Concordo muito com você, minha amiga. Juventude está no frescor dos pensamentos, em acreditar que podemos mudar e aprender sempre.
E você ainda é uma menina visualmente falando. Isso não é confete não. É fato.
Estrelinhas azuis pra ti!
Vivi

Unknown disse...

que blog lindo!!! acabei de descobri-lo e vou buscar ler todos os posts! parabéns
beijos