16 de fev. de 2011

Sem medo de ser feliz

Nesta entrada faço minha interação com outros blogs que leio, em mais um assunto referente à dança e expressão, técnica e personalidade.
Deixarei registrada minha visão, tentando colaborar com nossos estudos, tomando como referência  bailarinas que, creio eu, podem ilustrar muito bem alguns conceitos sobre os quais viemos debatendo nos últimos posts. A opinião de vocês é sempre bem vinda, os pontos de vista podem ser bem diferentes...
Uma das bailarinas que quero citar chama-se Orit Maftsir, uma israelita arretada, acho vocês já devem ter visto, mas agora abro espaço para fazer uma  interessante análise.
Porque a Maftsir? 
Bem, digamos que ela se encaixa perfeitamente no aspecto "personalidade" da dança oriental. Analisando friamente, acho que ela deixa um pouco a desejar em técnica, mas o resto, que tanto corremos atrás, a danada esbanja. Trata-se de facilidade e naturalidade para ilustrar momentos de alegria, drama, sensualidade, introspecção, brincadeira, interação. 
Houve uma época, cerca de seis anos atrás, que via muito a dança dela à la Dina, como citei nos posts anteriores (ainda bem que isso só fez parte da construção da dança atual). Esse exemplo também serve pra frisar que essas inspirações fazem parte, mas que normalmente é um momento provisório. 

A Orit tem uma leitura musical e rítmica excelente, mais dramática, mas é aquela bailarina que a gente olha e pensa determinadas vezes "puxa, não curti muito esse movimento" porém, ao mesmo tempo, não se consegue parar de olhar, pois a qualquer momento ela abre um sorriso gigantesco te convidando a ser feliz. E acho impressionante como ela faz isso bem. 
A dança é simples, porém nada de enfadonha, longe da mediocridade.
 


Fico imaginando como ela deve ser fora da dança, deve ser aquela pessoa cheia de amigos, que adora festa, alegria, cozinha, trabalho, passeio e não conhece depressão. Talvez até meio displiscente. Não a imagino chata, esnobe ou antipática. Sei lá se estou falando abobrinha, não a conheço em absoluto, mas é a idéia que me passa! 
Ela tem também um altíssimo amor próprio, por que posta vídeos dos solos dela como um presente, dedica suas danças para ocasiões diversas, mostrando que gosta de ser vista e não se não gostarem também, paciência, a pessoa mais orgulhosa do seu trabalho é ela mesma, pois ela sabe que tem algo a nos passar, com absoluta certeza. Isso é uma coisa realmente importante. E difícil para nossas autoexigências, não é? 

Eu mesma não costumo levar de forma tão radical essa atitude, pois ainda me incomoda um pouco a questão de não ter uma boa aceitação. Acho que no Brasil, isso se tornou uma característica bem própria nossa, mas pelo mesmo motivo, estamos ficando cada vez melhor na foto. Se resolvermos simplesmente negligenciar  a opinião alheia e o perfeccionismo, corremos o risco de fazer a dança retroceder a qualidade alcançada com anos de estudo, por tanta gente.
Acho que não seria esse o caso, obviamente, falando do caminho que precisaríamos seguir pra alcançar esta "leveza maior": o legal que a Orit faz, não é desfazer nossa opinião, mas não ter medo de se expor à ela.
Então por isso, acho que temos muito a aprender com a Orit. Não fique buscando milhões de técnicas, posturas e movimentos diferentes, talvez ache alguns bem doidos ou até interessantes, mas com certeza o maior ensinamento dela pra nós é o encontro de si mesma na dança: a tal personalidade.



A propósito, fiquei sabendo, olhando agora seus videos, que ano passado ela esteve aqui, no Rio de Janeiro...como não soube disso? Que pena, o workshop estava com pouquíssimas pessoas. Vamos caprichar mais na divulgação, né? Uma artista como ela não pode passar batido assim! Fica a bronca, hehehe! Abraços!

5 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com o que vc disse.
A Orit teve, sim, uma fase Dina, mas acho que agora tá em outra onda.
As vezes me assusto com seus figurinos. Alguns são medonhentos e me tiram a atenção da dança. Mas é inquestionável que a expressão dela cativa e chama a gente pra ser feliz tb.

Samara L. disse...

Adoro a Orit, também. Acho ela tudo isso que você falou. Uma pessoa que tem tanta confiança que não tem medo do humor. Que fica feliz em ser ela mesma ótima, que não busca uma perfeição clássica idealizada. Adoro.

Hanna Aisha disse...

Oi, Daiane
eu fui no show e em um dos workshops dela e vc acertou: ela é tudo isso que vc disse.

Olha que coincidência: saí do workshop dela decidida a ser feliz dançando. Minha técnica não é e nem será a melhor do mundo, não entro pra KK nem ganho concurso do MP. Mas tenho sido muito feliz dançando (claro, sem negligenciar os estudos constantes).

Blog da Rhazi disse...

Eu sai daqui de Sampa para o Work da Orit. Um dos melhores que já fiz, (coloquei post no meu blog) e uma das profissionais mais "ser humano" que já vi. Conversa com todas, dá atenção, corrige, tudo isso, com um maravilhoso sorriso nos lábios! Além da assinatura no certificado, ainda deixa o email, escrito à mão mesmo! Deu um super work, e olha que estava gravidíssima! Enfim... um exemplo de pessoa que encontrou seu estilo e pronto. Uma aula de técnica, estilo próprio e como se divertir no palco! Beijos beijos e parabéns pelo blog!

Anônimo disse...

Escrita prazeroza nesta página, visões como aqui está dão brilho ao indivíduo que ler nesta página :/
Escreve mair quantidade de este blogue, aos teus visitantes.