31 de out. de 2012

A ocasião faz a indiferença


Mão na consciência

Faz um tempo que eu queria escrever algo sobre isso e não encontrava a oportunidade ideal. É pra falar de uma situação que aconteceu a alguns dias, não tem nada a ver com dança, mas tem presença em várias atividades profissionais.

Quer saber de uma coisa que eu odeio? Pensamento de "pião". Nada contra o pessoal de firma ou funcionários públicos (conheço excelentes pessoas desta área). Mas essa conversa do "essa não é minha função", não achar que pode fazer seu melhor, realmente me irrita o suficiente pra escrever sobre.

Tô cansada de ver esse tipo de gente. Uma coisa é tu não fazer algo por que realmente não compete, por ignorância ou falta de tempo. Outra é usar isso como desculpa para não fazer o que precisa ou poderia ser feito para ajudar as pessoas, melhorar um atendimento ou vender um serviço. Você sabe de que tipo de gente eu falo: aquele que é pago pra fazer uma coisa e em hipótese alguma faz outra, mesmo que esteja vendo que precisa ser feito.  Aquele camarada que fica sem fazer nada com nada numa mesinha qualquer olhando o circo pegar fogo no guichê ao lado. Aquele caixa, da fila quilométrica, que passa tudo devagar na máquina do super, quando você está com  pressa ou deixa a fila do banco crescendo o dobro só pra não pular o intervalo do cafezinho.
 Eu compreendo todas as funções, stress e intervalos, eu também os tenho, mas são muito variáveis conforme a demanda.
 Esses dias vieram no spa onde trabalho, um casal de vendedores de produto pra cabelo. Testamos o produto, que levava mais de duas horas pra aplicar. Eu tinha cliente às dezoito horas e tive que passar todo meu tempo livre aplicando o produto na minha colega. Claro que eu não me importava, pois o produto era demonstrativo e eu fui escalada para testá-lo sem compromisso, porém, os dois maravilhosos vendedores ficavam ali sentados que nem dois de paus me vendo trabalhar, ditando tudo que tinha que ser feito, vendo que eu estava com o horário se apertando e eles... com a bunda esquentando no sofá. Só faltou a cigarrilha e o drink.
Perguntei se eles eram cabeleireiros. Claro que a resposta foi negativa. Mas isso realmente os impedia de passar uma chapinha ali comigo, pegando do outro lado pra ir mais rápido? Pois é. Minha colega manicure foi me socorrer. Engraçado: ela não era cabeleireira também, não estava vendendo o produto, não tinha interesse nenhum naquilo e usou sua pró atividade pra me ajudar, e fez direitinho. Me responda: o que fazem dois paspalhos desses não terem vergonha desse tipo de "não-atitude"?

Alegria de palhaço é ver o circo pegar fogo


Isso foi um claro exemplo de pensamento de "pião". Obviamente que se eles forem se defender, a desculpa vai ser a mesma de sempre: não fomos treinados pra isso; não somos cabeleireiros; já estamos trazendo o produto; esta não é nossa função.
 Adivinha se um dia vou comprar produto deles. Por sinal, muito bom o resultado, mas prefiro que continuem sentados onde estiverem.

Outra coisa que me dá nos nervos: burocracia desnecessária. Levar umas porcarias de documento pra reconhecer firma no cartório. Deixar de ser atendida por esquecer um documento que você sabe o número e pode facilmente ser identificada como indivíduo estando com um computador na sua frente. Ligado na internet e com telefone ao seu lado.


Um dia, as pessoas vão ver que o que interessa mesmo, é ter boa vontade e criar possibilidades para facilitar a vida de quem precisa de você, seu semelhante, seu irmão humano. Agora. Chega de mandar as pessoas voltarem pra casa, displicentemente, sem saber o quanto tiveram que gastar pra chegar ali, desvalorizando o tempo e o esforço realizados, talvez amanhã não tenham como voltar. Mas nada relativo a isso importa de fato. Cada qual com seus problemas e sua vida, não é?
Pois é, o que estou escrevendo aqui? Esta não é minha função, eu não sou paga para isso!!!



Não percamos a esperança, tem sempre um flanelinha que trabalha de verdade.


Um comentário:

Cacá disse...

Ótimo texto Dai. Beijos!