27 de fev. de 2010

A dualidade dos valores morais

Este é um blog que não foi configurado apenas para exaltar o lado profissional. Aqui mostro minhas dúvidas e  fraquezas também, condição de quem se considera humano acima de tudo. Pois nem tudo são flores, mesmo que isso não afete de forma geral o conceito acerca do que me julgo competente. 
Tive uma lição interessantíssima esta semana, acredito que não foi a primeira vez que me encontro com tal situação. Acredito que não é por acaso. O fato é que precisei muito de assistência e não a tive, simplesmente por que a pessoa que poderia me ajudar no momento em que eu precisava julgou que não deveria fazer nada que não fosse do ambito profissional dela, mesmo que aquilo estivesse ao seu alcance de alguma forma. Não disponibilizou qualquer comprometimento sem o menor constrangimento.
Como sou um ser pensante às vezes, antes de tirar qualquer conclusão eu analiso de dentro, de fora, em diversos pontos de vista e ao redor. As perguntas que costumo fazer:

  •  Por que isso aconteceu? 
  • Quem é o grande responsável pelo problema?
  •  Existe um meio viável de encontrar uma solução rápida?
  •  Houve uma retaguarda que oferecesse um preparo para tal situação? 
  • As pessoas conscientes do problema podem ser envolvidas ou responsabilizadas por não contribuir para a a solução? 
  • A pessoa que se nega a ajudar, estará de fato, sendo má? 
  • Por que essa atitude é correta às vezes nos achamos no direito de julgá-la?

Vamos às respostas. 

  1. Seja qual for a situação envolvida, se você tem vinculo de responsabilidade com ela, você pode ter culpa ou ser vítima do problema. As outras pessoas que podem te ajudar, não tendo vínculo, não tem obrigação nenhuma de fazer isso, tudo depende da sua consciência ética e moral. Portanto, se a solução não for encontrada, logo, não se pode atribuir culpa a qualquer negação.O pior de tudo é que:
  2. Ela está eticamente correta, mas está sendo totalmente má. E outra: apesar de má com pessoa necessitada, está sendo estupidamente generosa consigo mesma e ultra profissional. Esta atitude é correta por que ensina as pessoas que cada um tem que ter comprometimento com aquilo que é problema exclusivamente seu. 
  3. Nos achamos no direito de julgá-la por que somos passionais e não sabemos separar o lado pessoal do comprometimento profissional (Valores humanos x Ética).     
Mas tem uma coisa que ainda cutuca: tem que ser assim mesmo?
Bom, coloquei de forma sintética uma questão que às vezes eu  levo um bom tempo pra metabolizar. Mesmo sem expor claramente a situação, vocês devem ter sacado que se trata de um caso em que se faz necessário o envolvimento de outrens num problema que seria rapidamente solucionado caso tal pessoa não se negasse em ajudar a solucionar. O problema de qualquer forma se resolveu, ainda bem, mas no fundo do coração ainda clama com vontade uma voz em relação ao ser em questão: filha da  madrasta!
Na minha opinião, as "pessoalidades" tem que ter limite, sim, até mesmo para evitar que as pessoas comecem a abusar de você. Mas eu acho que nunca vou ter tanta coragem e desapego! Não vou dizer que nunca fechei os olhos pra nada, mas ...com tanto prazer e descaramento? Acho que foi isso que me chocou. Estou acostumada com gentileza e condescendência. Agora vi. Me senti como aquele mendigo que fica pedindo esmola torcendo para que alguém olhe para ele e só passam milhares de pessoas que fazem de conta que ele  não existe e a situação não pode ser resolvida por ninguém mais do que o órgão social responsável. 
Pois é, nós fazemos isso, sabia? Ainda assim é justificável esta indiferença? Acredito que sim, pois realmente não temos o que fazer. É preciso muito mais do que temos ou somos para ajudar de verdade, temos consciência do problema e gostaríamos de mudar esta realidade. Mas estender esta atitude indiferente até as pessoas com as quais convivemos diariamente é compreensível?... Temos que dizer não a tudo que pode nos "comprometer"? Nossa consciência coletiva de "compaixão ao problema alheio" é errada? Estou um pouco confusa, me ajudem a estruturar esta linha de pensamento: até que ponto os valores éticos são primordiais em relação aos valores humanos? 
 Eu acho que existem sentimentos e atitudes pessoais muito ruins que são descaradamente acobertadas, dissimuladas, divulgadas e aceitas sob a fachada "Ética profissional". Pois este termo muitas vezes não só protege e poupa a pessoa que se esconde sob essa vergonha mascarada, como determina que é a atitude correta e necessária para sobreviver no mercado de trabalho. 



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